segunda-feira, 8 de junho de 2009
Gente, olha que legal este texto...Salve para todos!!
JOSÉ CASTELLO
Aos onze anos de idade, tonto como se viajasse em um barco desgovernado, li pela primeira vez, em sala de aula, “O navio negreiro”, de Castro Alves. Fui um menino silencioso; as palavras me ameaçavam.
No colégio, eu as sentia como algemas, que me acorrentavam ao que eu não era. Foi, portanto, um golpe quando li o grande poema. Em poucos minutos, entendi que as palavras não são algemas, mas chaves.
Nas mesas ao lado, via meus colegas distraídos, em brincadeiras dispersas, incapazes de se concentrar nos versos. Enquanto isso, meus nervos faiscavam. De noite, já em meu quarto — com a porta trancada, como se fizesse algo proibido — reli o poema. Naquela madrugada, tive uma febre sem explicação, que meus pais diagnosticaram como uma virose. Mas o vírus que me possuía era outro: a poesia se infiltrara em meu sangue.
Aborreço o leitor com essa breve lembrança infantil porque ela retornou inteira, e com a mesma densidade, enquanto lia “Discurso do urso”, brevíssimo relato das “Histórias de cronópios e de famas”, livro que Cortázar publicou em 1962. Agora em uma delicada edição para crianças, com ilustrações comoventes do artista espanhol Emilio Urberuaga (Record, tradução de Leo Cunha).
Não, não se trata de “literatura infantojuvenil”; não é um conto “para crianças”, mas, sim, oferecido às crianças. Dizia Cortázar que ninguém se torna um escritor sem conservar a porosidade que define a infância. Crianças estão sempre disponíveis para a dissonância e o arrebatamento.
Atitude que resume o que ele chamava de “fantástico”: não o absurdo, ou o monstruoso, mas a capacidade de manter-se, sempre, um pouco deslocado, aberto aos desvios, às idéias inconvenientes e aos golpes da fantasia.
“Há pessoas que, quando isso acontece, quando se deslocam um pouco, ficam inquietas e sentem vertigens”, Cortázar disse em famosa entrevista a Ernesto Bermejo (Jorge Zahar Editor, 2002). Em nós, adultos, a ansiedade surge sempre que percebemos que a vida se move por um sistema de leis anterior àqueles que aceitamos. Quando se evidencia que outras lógicas, menos civilizadas e menos lógicas, movem o mundo.
Assim são as crianças: se não as massacramos com os bons modos e a boa educação, permanecem atentas aos deslocamentos, inversões e sustos que, no fim, definem a arte.
Não é, portanto, uma surpresa que os relatos de Cortázar possam ser lidos, também, por crianças.
Ele mesmo dizia que, no fundamento de sua vocação de escritor, estava uma leitura precoce (e decisiva) do “Peter Pan”, de James M. Barrie. No caso dos escritores, a hipótese de uma criança que se recusa a crescer não é só uma possibilidade fantasiosa, é uma pré-condição.
É claro, escritores amadurecem — deixam de esperar, como as crianças, que a solução venha sempre de fora. Alguns se permitem, enfim, adotar essa via de contramão que, por hábito intelectual, chamamos de literatura. Mas a palavra parece pequena demais.
Na mesma tarde em que li o “Discurso do urso”, uma amiga, Eva, me enviou o conhecido vídeo em que Maya Tamir, pianista de 8 anos, acompanhada pela Filarmônica de Israel, interpreta uma peça de Hayden. Uma experiência assombrosa, que repassei para alguns amigos. Um deles, Romildo, me respondeu com uma pergunta crucial: será que para a pequena Maya tocar piano é algo equivalente a brincar? A ele, parecia que não; e a mim também. O piano, para Maya Tamir, não é só um divertimento; é algo bem mais sério, que se relaciona com o amor e a verdade.
Voltei, muitas vezes, à interpretação de Maya e, a cada vez, mais me convenço de há ali — quando ela se agarra a seu piano como a uma fome — algo que ultrapassa qualquer brincadeira. Como continuar acreditando, então, nesse placebo que chamam de “literatura infanto-juvenil”? Penso em Charles Perrault, nos irmãos Grimm, penso em Lygia Bojunga Nunes, escritores maiúsculos, simplesmente, que estou sempre a reler. Aos 11 anos, quando li Castro Alves, senti o mesmo tremor que experimentei quando, aos 40, li pela primeira vez o Fausto, de Goethe.
A arte é indiferente ao tempo. Não se relaciona com o desenvolvimento — palavra sagrada para os realistas —, mas com o assombro.
Bruno Bettelheim já nos mostrou o quanto há de grave nos sentimentos das crianças que, ainda em seu berço, escutam os primeiros contos de fadas. Só as crianças? Há poucas semanas, li para minha mãe — que está idosa e doente — o “Barba azul”, de Charles Perrault. Em vários momentos, me perguntei se devia mesmo prosseguir, tão fortes eram as expressões de espanto e de comoção que a agitavam. Ao fim do relato, desmentindo meus temores e imitando as crianças, ela me pediu: “Você podia ler de novo?” Oferecer Cortázar às crianças é, portanto, mais que uma prova de amor: é uma demonstração de que as levamos a sério.
A história do urso que passeia pelos canos da casa, sobe à noite até a chaminé para admirar a lua e desafia esses homens realistas que ignoram as entranhas do mundo, provoca em qualquer leitor — adulto, ou criança — o mesmo abalo. Ou não provoca nada, e isso fica por conta da indiferença de quem a lê.
Dizia Cortázar que, ao contrário do que supomos, as crianças são muito lógicas, não apreciam as incertezas e querem as coisas sempre muito bem explicadas.
Ocorre que, ao contrário de nós, elas estão abertas a outras formas de certeza e a outros sistemas de verdade.
Ser exigente não é o mesmo que ser ortodoxo.
O verdadeiro rigor não está no pensamento que se petrifica, mas naquele que, conservando a fluidez e a leveza, acaricia as bordas da existência.
É porque levam tudo muito a sério que as crianças se desinteressam rapidamente pelas coisas que lhes parecem fabricadas, ou artificiais. Também para Cortázar o fantástico era apenas o impossível tomado a sério. Quando lhe pediam que o definisse, costumava recorrer à sábia piada segundo a qual a poesia é “o que resta depois de definida a poesia”. Único recurso que temos para definir a própria literatura — que não passa daquilo que sobra depois que a massacramos com nossas superstições e miseráveis ilusões.
O Globo, 6 jun. 2009. Caderno Prosa & Verso.
Assalto Cultural
Reforma Ortográfica em Quadrinhos
Gabarito da P2
Prof. Alexandre César
―
―Evite rasuras,
―
―As
―Faça
―
A
Cassiano Ricardo
E
Numa
O
A
No
Imitando o
O
Havia
A
O
O
Admiravelmente
“(...)o “Martin Cererê,
Minha
(1)Monteiro, ªM., (2003) Cassiano:
Cassiano Ricardo empregou,
1.
2. Há o
Podemos
4. É
5. Faça a escansão da
E/ra
E/ quan/do/ ca/í/a a/ pon/
Co/mo/ se/ dan/ças/se/ val/sa.
O
6 Releia a
O
7. Julgue
A ( F ) O
B ( V ) O
C ( F ) No
D ( V ) Na
E ( V ) No
8. Sabemos
Podemos
8. (Univ. Fed.
a. Correu
b. Dormiu
c. A
d. Leu o
e. Guarde
A ( )
B (X)
C ( )
D ( )
E ( )
A sequência
9. O
O
10. Discorra,
A ideia
O
Dúvidas dos alunos: as diferenças entre conjuções subordinativas e coordenativas
Alguns alunos mandaram-me e-mail pedindo para que eu dirimisse algumas dúvidas sobre as conjunções coordenativas e subordinativas. Vamos lá, então.
A oração adverbial concessiva e a coordenada adversativa mantêm uma relação de oposição entre duas idéias. Seu uso é próprio da argumentação.
Conjunções e locuções concessivas: embora, apesar de, mesmo que, conquanto, ainda que, se bem que, posto.
Conjunções adversativas: mas , porém, contudo, todavia , entretanto, no entanto. Não existe "no entretanto".
Apesar desta semelhança , apresentam diferença entre si . Usarei um exemplo para explicar:
1) "O trabalho dignifica a pessoa, mas a consome por completo." A conjunção "mas" une duas idéias contrárias. Apresenta uma crítica ao trabalho.
2) "O trabalho consome a pessoa por completo, mas a dignifica." Apresenta uma visão positiva do trabalho.
Se for usada a conjunção concessiva " embora", o período ficaria assim : "Embora o trabalho dignifique a pessoa , ele a consome por completo". A concessiva se prende à idéia menos importante no interior da oposição entre as duas.
Pode-se também inverter: "Embora o trabalho consuma a pessoa por completo, ele a dignifica".
Resumindo: a conjunção adversativa apresenta a idéia mais importante da oposição. A conjunção subordinada concessiva prende-se à idéia menos importante da oposiçãoTalvez o exemplo abaixo ajude a distinguir a diferença entre as explicativas e as finais:
Diferença entre oração subordinada adverbial causal e coordenada sindética explicativa:
É difícil, às vezes, distinguir uma oração subordinada causal de uma oração coordenada explicativa. Eis alguns artifícios que podem auxiliar na distinção desses dois tipos de oração:
a) Geralmente, a oração que antecede a oração coordenada explicativa tem o verbo no modo imperativo.
"Fiquem quietos, que o professor já vem."
Verbo no imperativo: fiquem.
Oração coordenada sindética explicativa: que o professor já vem.
b) A oração subordinada adverbial causal pode ser colocada no início do período, introduzida pela conjunção como, o que não ocorre com a coordenada sindética explicativa:
"Não vim à aula PORQUE ESTAVA DOENTE."
"COMO ESTAVA DOENTE, não vim à aula."
Tirei os exemplos do site www.portrasdasletras.com.br
Gabarito
Aqui vai o gabarito, queridos!!
2 - E
3. (FUVEST – SP) – “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração sublinhada pode indicar uma idéia de:
a) concessão
b) oposição
c) condição
d) lugar
e) conseqüência
Resposta: C
A condição necessária para procurar emprego é entrar na faculdade.
4. (Univ. Fed. Santa Maria – RS) – Assinale a seqüência de conjunções que estabelecem, entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
1. Correu demais, ... caiu.
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com detalhes.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
b) por isso, porque, mas, portanto, que
c) logo, porém, pois, porque, mas
d) porém, pois, logo, todavia, porque
e) entretanto, que, porque, pois, portanto
Resposta: B
Por isso – conjunção conclusiva.
Porque – conjunção explicativa.
Mas – conjunção adversativa.
Portanto – conjunção conclusiva.
Que – conjunção explicativa.
5. Reúna as três orações em um período composto por coordenação, usando conjunções adequadas.
Os dias já eram quentes.
A água do mar ainda estava fria.
As praias permaneciam desertas.
Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.
Correção e Comentário sobre a prova: demorô?
Mas caminhemos, aos poucos, neste texto.
Essa
Caríssimos: posso e vou
E...responde(am)
Vamos à
1) A
O
Avante.
Esses procedimentos
2) Esta
a/
dei/xa/con/fun/di/do
es/
b) Trata-se de
3) Esta
4)
Uma
b) Outras
5)
b)
Adelande, hermanos.
6) Seguindo a
Adaptação do original "LAMA, Dalai. Livro da Sabedoria, Martins Fontes, p106.
"Enfim, uma verdadeira amizade se desenvolve a partir do afeto humano, não do dinheiro ou do poder. É claro que, graças ao nosso poder ou fortuna, mais pessoas nos abordam com grandes sorrisos e presentes. Mas, no fundo esses não são verdadeiros amigos; são amigos da nossa fortuna ou do nosso poder. Enquanto perdurar a fortuna, essas pessoas continuarão a abordar-nos com freqüência. Porém, no momento em que nossa sorte diminuir, elas já não estarão mais por perto. Com esse tipo de amigo, ninguém fará um esforço sincero para nos ajudar se precisarmos. Essa é a realidade."
7)
8)
9)
10) A
Fui.
Resumo da aula da semana: as famigeradas conjunções coordenativas!!!!
ORAÇÕES COORDENADAS (Sindéticas)
Coordenam-se umas às outras por meio de conectivo, conjunção.
Exemplo:
Olhei e comprei o presente.
Correu demais, por isso caiu.
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS
As orações coordenadas (sindéticas) são classificadas de acordo com as conjunções que as unem. Podem ser:
ADITIVAS
ADVERSATIVAS
ALTERNATIVAS
EXPLICATIVAS
CONCLUSIVAS
ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADITIVAS
Expressam idéia de soma, adição. Conjunções: e, nem (e não), mas também, como também.
Exemplo:
Ele não só conhecia a cidade, mas também os melhores pontos turísticos.
Não só estudava como também ensinava.
Telefonou e comunicou sua decisão ao chefe.
ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADVERSATIVAS
Expressam idéias contrárias à outra oração. Conjunções: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto.
Exemplo:
A população fez várias passeatas, mas não conseguiu bons resultados.
Viajou para Londres, contudo não esquecia Recife.
O problema era facilmente resolvido, entretanto poucos conseguiram resolvê-lo.
ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ALTERNATIVAS
Expressam idéia de exclusão, alternância. Conjunções: ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer.
Ora estudava matemática, ora estudava português.
Procure chegar cedo ou não conseguirá a vaga.
ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS EXPLICATIVAS
Expressa uma justificativa, explicação, contida na outra oração coordenada. Conjunções: pois (anteposta ao verbo), porque, que visto que.
Exemplo:
Recife está intransitável, pois é repleta de buracos em suas ruas.
Não vou sair à noite, porque vou fazer uma prova importante amanhã.
ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS CONCLUSIVAS
Expressa uma idéia de conclusão do fato contido na oração anterior. Conjunções: logo, portanto, pois (colocada após o verbo), assim, por isso.
Exemplos:
Conseguimos bater a meta, portanto podemos comemorar o nosso sucesso.
Acreditamos na igualdade entre os povos; por isso devemos lutar por uma distribuição de renda melhor.
EXERCÍCIOS
1. Relacione as orações coordenadas por meio de conjunções:
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
Respostas:
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los.
2. (PUC-SP) – Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas...” a partícula como expressa uma idéia de:
a) causa
b) explicação
c) conclusão
d) proporção
e) comparação
POLISSEMIA CONJUNTIVA E A ORAÇÃO COORDENADA
Conjunção pois: pode caracterizar as seguintes orações:
CONCLUSIVA » não inicia a oração, aparece entre vírgulas ou separada da oração por uma vírgula.
Exemplo:
Henrique está louco; devemos, pois, interditá-lo.
EXPLICATIVA » inicia a oração e pode ser substituída pelas conjunções explicativas porque e que.
A conjunção e pode assumir valor adversativo.
Exemplo:
Convidei vários amigos e nenhum veio ao jantar.
(Convidei vários amigos mas nenhum veio ao jantar).
EXERCÍCIOS
3. (FUVEST – SP) – “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração sublinhada pode indicar uma idéia de:
a) concessão
b) oposição
c) condição
d) lugar
e) conseqüência
4. (Univ. Fed. Santa Maria – RS) – Assinale a seqüência de conjunções que estabelecem, entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
1. Correu demais, ... caiu.
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com detalhes.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
b) por isso, porque, mas, portanto, que
c) logo, porém, pois, porque, mas
d) porém, pois, logo, todavia, porque
e) entretanto, que, porque, pois, portanto
5. Reúna as três orações em um período composto por coordenação, usando conjunções adequadas.
Os dias já eram quentes.
A água do mar ainda estava fria.
As praias permaneciam desertas.
Resumo da aula
O período composto por coordenação é constituído por orações coordenadas.
ASSINDÉTICAS
Chamamos orações coordenadas assindéticas aquelas que não possuem conjunção.
SINDÉTICAS
As orações coordenadas sindéticas são aquelas que possuem conjunção.
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com as conjunções que as unem. Podem ser:
ADITIVAS
ADVERSATIVAS
ALTERNATIVAS
EXPLICATIVAS
CONCLUSIVAS
ADITIVAS » Expressam idéia de soma, adição. Conjunções: e, nem (e não), mas também, como também.
ADVERSATIVAS » Expressam idéias contrárias à outra oração. Conjunções: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto.
ALTERNATIVAS » Expressam idéia de exclusão, alternância. Conjunções: ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer.
EXPLICATIVAS » Expressam uma justificativa, explicação, contida na outra oração coordenada. Conjunções: pois (anteposta ao verbo), porque, que visto que.
CONCLUSIVAS » Expressam uma idéia de conclusão do fato contido na oração anterior. Conjunções: logo, portanto, pois (colocada após o verbo), assim, por isso.
O gabarito eu publico amanhã, queridos!!
Salve para vocês!!!
Alexandre